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A ignorância em rede nacional (Roberto Recinella)

Cresci assistindo Vila Sésamo, os desenhos da Hanna Barbera, Jornada nas estrelas, Batman, Zorro, Os três patetas, James West, O homem de seis milhões de dólares, Agente 86, Perdidos no espaço, dentre outros maravilhosos seriados.
Naquela época existia uma doce inocência do conhecimento, a televisão respeitava a inteligência e a paciência do telespectador.
Muita coisa mudou desde daquela época como, por exemplo, o crescimento vertiginoso do numero de canais, saímos de cinco para mais de 150 que transformou o controle remoto numa ferramenta indispensável para se assistir TV.
Mas infelizmente a quantidade superou a qualidade. Fico realmente impressionado como a TV com todo o seu poder passou a emitir e transmitir besteiras perdendo totalmente o seu compromisso social ou educativo. Claro que a TV é um veiculo de entretenimento, não estou questionando isso, mas sim o modo como estão distorcendo o conhecimento e disseminando a ignorância.
Quando ligo a TV a cabo na esperança de fugir da franca ignorância da TV aberta me deparo com dezenas de filmes e seriados reprisados indefinidamente em diversos canais da mesma rede, alem de ter de pagar para assistir comerciais que nunca terminam vendendo mercadorias que não me interessam.
Enfim, atualmente toda vez que ligo a TV me sinto um idiota.
E me questiono quantos jornalistas especializados em Educação existem na redação de uma emissora? E quantos jornalistas especializados em futebol ou fofoca por lá andam?
Qual a formação dos principais apresentadores que fazem sucesso atualmente?
Quem lhes deu o direito de emitir opiniões sobre assuntos que mal dominam, alguns nem o nosso idioma parecem conhecer. Opiniões que se baseiam apenas em suas experiências pessoais de vida sem respaldo acadêmico algum. Comportam-se como peões de obra que graças à pseudo-experiecias adquiridas na sua labuta diária se auto-intitulam engenheiros formados pela vida.
Tempos atrás, eu estava em uma festa de família e amigos observando uma discussão sobre o Big Brother, onde cada um defendia com fervor o seu participante preferido, as pessoas sabiam da vida de cada um dos participantes.
Fiquei refletindo se as pessoas se preocupam com questões realmente importantes com o mesmo empenho.
Será que elas conhecem com a mesma profundidade a proposta dos políticos, e candidatos na época de eleições? Será que elas brigam pelos seus direitos do mesmo modo que fazem pelos seus preferidos do programa? Alguém se mobiliza para pressionar os deputados e senadores a barrarem ou aprovarem uma medida que pode influenciar o seu dia a dia?
Percebi que as pessoas brigam e discutem pelo seu time, pela sua novela, pelo seu artista preferido, mas não fazem isso pelas coisas realmente importantes na vida real.
Têm tempo para assistir novela, jogos de futebol e programas de auditórios, mas não encontram tempo para estudar ou ler.
As pessoas não refletem sobre as informações que a TV ou tudo o que se possa considerar mídia divulga. As raras exceções não atingem o “ibope” comercial necessário e não sobrevivem neste meio.
Devido à baixa escolaridade e ao alto índice de analfabetismo funcional a população aceita como verdade o que a TV divulga sem questionamento algum.
Como diria Raul Seixas: “é pena eu não ser burro, não sofreria tanto”.

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Despedida

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