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Mostrando postagens de março, 2011

Silêncio das rosas

Ninguém soube ao certo como se dera o ocorrido. Encontraram-na deitada sobre o leito, como quem dormia. A face rosada, a camisola cheirando a amaciante, os cabelos soltos e brilhantes, nem parecia morta. No rosto a notícia de que cumprira seu dever: viveu e amou. Ergueram-na com cuidado, talvez com medo de violar seu descanso tão esperado, mal conversavam no cômodo. Apenas Sussurravam: _Que pena! Tão nova! Era em vida um misto de alegria e tristeza, era a oposição em si mesma. Mas vivia, construía castelos de sonhos, ia pra onde quisesse apenas com o pensamento e, era ao mesmo tempo, o extremo da dor e da felicidade. Deixou-se abater pelo tempo e entregou-se de vez a melancolia. Partiu como partem as rosas, em silêncio, mas deixou perfume nas mãos de quem amou.

Nota final

Cada nota, um incentivo de por fim ao pesadelo. Deitada em sua cama desarrumada, ouvindo Beethoven, refletia sobre a dor, e constatava que era em si uma soma de sensações, medo, ansiedade, insegurança... O computador ligado, e-mail, trabalhos por fazer, a roupa esperando pra ser torcida, o estômago vazio. Era um dia nublado, dos que mais a instigava a escrever, a sonhar, a ser somente ela e nada mais. Dias em que podia fazer o que mais gostava, pensar. O criado mudo, recheado de livros por ler, a vida tentava seguir e ela não. O que desejava era parar, sempre parar, para ela era preciso descansar o pensamento, senão se perdia. Mas hoje não era um daqueles dias, enquanto o ventilador se fazia de chuva, ela se fazia de forte. Ficou imaginando quem a encontraria em sono profundo e a tocaria primeiro, quem a conduziria porta afora, quem choraria acariciando seus cabelos, afagando suas mãos nuas? Seria um dia só dela, flores, cheiros evitados em vida, gente saudosa amando e contand

Minha alma fala.

Não sei porque insiste a minha alma em falar mais que a razão. Confunde-me as ideias, atrapalha-me a vida. Quem dera a meus olhos o sol fosse, somente o sol. Ver a lua tal como um astro luminoso e nada mais. Compreender a chuva como gotas a fecundar o solo, perceber a noite e o dia como um processo e ser apenas quem passa por eles. Mas tal qual um cão raivoso a alma levanta sua espada e impede tais pensamentos. Refém, meu grito ecoa pelo universo: O sol é dono dos dias, sem ele não há claridade, é rei vestido de ouro! A lua é moça solteira tentando chamar atenção. Quando chove, vejo lágrimas a escorrer pela pálida face da nuvem  e comovida choro junto. O dia e a noite são filhos da vida e passeio por eles como quem passeia num bosque. Ao deitar, sussurra em mim como quem reza, a alma. Guardo seus segredos como quem protege o mais valioso tesouro. Minha alma fala e me convence. Minha alma fala e quero fugir, mas como posso fugir de mim?

E se a vida te der muitos limões?

A leitura do livro “Se a vida te der um limão...”, nos proporciona a compreensão de que sempre receberemos limões, pois ninguém cresce, amadurece somente na doçura. Já dizia Drummond, “tinha uma pedra no meio do caminho”. As pedras estão lá, cabe a nós usarmos nossa capacidade de superação ou simplesmente estagnarmos frente a um obstáculo. Somos feitos, moldados de acordo com o que acontece ao longo de nossas vidas e nela tudo tem dois lados, o azedo e o doce, o bom e o mau, o chato e o legal, o que precisamos é descobrir um jeito de transformar o lado azedo que aparece em algo doce. O livro nos leva a perceber durante o processo de transformação que o doce nem sempre é tão doce assim, e o azedo, as vezes nem é tão ruim. Isso só é possível por meio de reflexões, conversa com o “eu”. Ou seja aprender é o significado da vida e os limões estão aí para nos ensinar e não punir. Claro, tem horas que parece que o mundo desabou, que tudo dá errado e que não há saída, mas veja bem, que gr